terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tiradentes: as várias visões sobre o mito


Toda História nacional produz seus mitos. Eles são necessários para explicar um fenômeno ou simplesmente que represente um sentimento, ação ou origem comum entre aqueles que compõem a sociedade. Sabemos que um mito, geralmente, não valoriza em sua composição as desigualdades e as contradições existentes na sociedade. Um estudo mais apurado e desconstrutor nos revela  as origens, disputas, lembranças e esquecimentos associados à figura do mito. Não esqueçamos que a memória nacional é forte construtor das identidades nacionais e individuais.





O mito de Tiradentes está diretamente associado aos fatos ocorridos durante a implementação da República no Brasil. Esse novo regime surgiu sem a participação popular, o que demonstra sua primeira contradição: um regime público, mantido por elites, ou seja, completamente privado. Essa disputa entre o público e o privado é algo que permanecerá até nossos dias dentro da história política do país.

Abaixo, relaciono algumas imagens construídas sobre Tiradentes, o conhecido alferes Joaquim José da Silva Xavier. De sua época, não temos nenhum registro visual, apenas os escritos e autos do processo de devassa promovido pelo Coroa Portuguesa, ou seja, não dispomos de uma imagem produzia da época de Tiradentes, o que já demonstra que todas as outras que temos à disposição foram criadas a partir de representações associadas a este mito.

Abaixo relaciono algumas pinturas produzidas com o objetivo de representar Tiradentes e a história da Inconfidência Mineira. Notem as semelhanças entre o personagem principal e a figura de Jesus Cristo, além de todas elas terem sido produzidas durante o século XIX. Em breve estarei voltando e comentando cada uma destas imagens.

O martírio de Tiradentes, Aurélio de Figueiredo.



A leitura da sentença, Eduardo de Sá


Tiradentes esquartejado, Pedro Américo



Os despojos de Tiradentes no caminho novo das minas, Candido Portinari

Data: 1948-1949

Técnica utilizada: Painel a têmpera/tela
Dimensões: 309 x 1767cm
Local de Produção: Rio de Janeiro, RJ
Observação: Assinada e datada no canto inferior esquerdo "CANDIDO PORTINARI RIO 1948-1949"
Pertencente à coleção: Fundação Memorial da América Latina, São Paulo,SP

OBSERVAÇÕES:
Obra executada para decorar o saguão do Colégio Cataguases, de propriedade de Francisco Inácio Peixoto, Cataguases, MG, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. Esta obra foi premiada com a Medalha de Ouro da Paz no 2º Congresso Mundial dos Partidários da Paz em 1950, em Varsóvia, Polônia.




Alferes Joaquim José da Silva Xavier, José Walsht Rodrigues


Tiradentes, Décio Villares

Referências:
Carvalho, José Murilo. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.


Informações sobre a tela de Portinari: Projeto Portinari, Disponível em

2 comentários:

  1. A tela "Os despojos de Tiradentes no caminho novo das minas" não é de Pablo Picasso e sim de CÂNDIDO PORTINARI! Sugiro que seja feita a correção.

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  2. Isso mesmo Geogirna. Muito obrigado pela sua valiosa contribuição. É errando que se aprende também.

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